terça-feira, 3 de julho de 2012

O CARTÃO POSTAL DAS PRAIS DE PAES E CABRAL


Praias da Ilha do Governador amanhecem, 


diariamente, cobertas por 8 toneladas de lixo

Praia das Pitangueiras, antes e depois do lixoAntes: Roberto Moreyra / Extra Depois: Divulgação


É assim que o dia amanhece nas praias da Ilha do Governador. Cobertas de lixo, aguardam até que os garis da Comlurb cheguem para que, só depois do trabalho de limpeza, a luz do sol encontre a areia. O entulho esconde também o passado do lugar e a memória dos moradores da Praia das Pitangueiras, que já foi um famoso balneário.
Convidado pelos moradores, o Zé Lador fez uma ronda pela ilha. Encontrou, claro, o mesmo cenário em diferentes praias. Ninguém sabe ao certo quanto lixo é despejado no espelho d’água da Baía de Guanabara. Na década de 1980, falava-se em 14 toneladas ao dia. Hoje, cerca de 8 toneladas são recolhidas diariamente nas areias das praias pela Comlurb.
— Os lixões de Gramacho e Itaoca foram desativados, mais ainda há lixo que pode ser levado pela maré. Grande parte também chega pelos rios que desembocam na baía, principalmente os que cortam a Baixada e São Gonçalo — explica o ambientalista Sérgio Ricardo.
Se a água não está para banho, também não está para peixes ou tartarugas. Três delas, inclusive, apareceram mortas na Ribeira na última semana. O Zé Lador visitou as praias três vezes, na segunda, terça e sexta-feira da semana passada, e se informou sobre as mortes. Os animais engoliram sacos plásticos em grandes quantidades e não resistiram.

‘Tivemos que nos acostumar com isso’
Zé Lador com o morador Marcos Aurélio na Praia da Bandeira
O problema do lixo nas praias da Ilha do Governador começa longe dali, na Zona Norte do Rio e em municípios da Baixada Fluminense. A maior parte dos detritos e da sujeira que chega à ilha é levado por ondas e marés.
Para o Instituto Estadual do Ambiente, estão sendo feitas ações para acabar com o lixo. O órgão lista a criação de aterros sanitários nos municípios do entorno e o programa de despoluição do Rio Iguaçu (iniciado em 2008), mas admite que as medidas são a longo prazo.
— Mas de imediato poderiam, pelo menos, criar coleta seletiva de lixo e incentivar a reciclagem, além de intensificar campanhas educativas — disse Sérgio Ricardo.
Enquanto uma atitude não é tomada, moradores e pescadores convivem com o lixo que chega diariamente às praias. E contabilizam saudosismo e prejuízo.
— Moro há 40 anos e me entristece ver isso. E ainda perco, todo ano, metade das redes que uso, porque o lixo prende e as rasga — conta o pescador Aldelir Julisse.
Enquanto não há mudanças no descarte e tratamento do lixo, o amanhecer na Ilha tem hora marcada: às 6h, quando os 28 garis, com o auxílio de um trator, começam a tarefa de limpar a areia.
— Tivemos que nos acostumar com isso, mas não é isso que queremos — reclamou Carlos Antônio Almeida, de 44 anos.
Peixe na areia e passeios de lancha
— Era praia, peixada e passeio de lancha. Na água tinha um monte de peixes, cavalo-marinho, ouriço — revela o aposentado José Rousso, que comprovava o que dizia com uma foto na mão.
José e outros moradores antigos ainda vão à praia, mas para tentar identificar, nem que seja no relevo, o próprio passado.
— Venho lembrar os tempos de mais novo. É um lugar muito bom e não quero ter que sair daqui. Só não dá para conviver com essa sujeira toda. Fico muito triste com tanto abandono — disse José.
Pescador reclama do lixo
Pescador reclama do lixo Foto: Urbano Erbiste / Extra
O Zé Lador também torce para que os moradores de Pitangueiras recuperem a sua praia que, assim como as outras 14 praias da Ilha, já fizeram sucesso nos verões cariocas. Mas, agora, nem tanto.


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